segunda-feira, fevereiro 27, 2006

"Morangos com Açúcar" continuam a dar que falar...

Retirei este texto do blog do Professor Rogério Santos "http://www.industrias-culturais.blogspot.com/ sobre a novela "Morangos com Açúcar".
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"A nova série, para além do uso mais intenso da cor nos fundos como as paredes ou as portas - quase diria fauve -, faz apelo à banda desenhada e à câmara rápida. À banda desenhada porque insere palavras ou expressões, para reforço da cena. Não é arte conceptual, mas usa o princípio. À câmara rápida, porque, quando importa chegar a uma cena e em vez de um raccord, faz correr mais velozmente os movimentos dos actores. E, como substituição de cortes rápidos de planos, produz fade outs com desenhos: corações, linhas verticais, linhas horizontais, enquanto se esbate o plano com as personagens. Deste modo, há um apelo à cultura visual - cor, alteração dos planos, uso da escrita para reforço das ideias -, o que torna a série mais apelativa, sem esquecer o óbvio conteúdo das histórias. É que, se a narrativa decorre num espaço determinado - a escola -, o que se mostra não é o trabalho inerente a esse espaço, mas os intervalos entre aulas, o que se passa no bar. Há, assim, uma transferência de local de trabalho para local de lazer, de usufruto, onde o vestuário, as pequenas intrigas (ciúmes, enamoramento, zangas e pazes) são as matrizes dessa narrativa. Já a presença dos "cantores" dos D'ZART enquanto personagens fulcrais da novela reforça a cumplicidade entre narrativa e simpatia dos fãs da banda e da série. Acresce-se que a passagem de Morangos com açúcar no horário nobre a seguir ao noticiário das oito da noite - ontem, por exemplo -, significa uma aposta forte do canal televisivo, antes da série também portuguesa de O inspector Max."
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Este texto refere-se á série que está actualmente em exibição na TVI, enquanto que o trabalho que fiz com duas amigas em 2004/2005 se referia à primeira série de novela. Sobre este trabalho já escrevi um texto no blog.
Penso que a opinião do Professor Rogério Santos nos ajuda a compreender o sucesso deste fenómeno chamado "Morangos com Açúcar".

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Reportagens que fiz para o DN mas que não foram publicadas

Caros visitantes,
as reportagens que poderão ler de seguida foram elaboradas por mim durante o estágio que fiz no Diário de Notícias em 2005. Foi uma experiência muito enriquecedora e tive a oportunidade de fazer coisas diferentes e engraçadas. Saliento a ida ao Quartel de Chelas dos Sapadores Bombeiros em Lisboa, onde por uma manhã vesti a pele de bombeira. oram várias as notícias e reportagens que escrevi. As que aqui apresento não chegaram a ser publicadas.
Espero que gostem!
Tonificar os músculos de uma forma “redonda”
Existe uma nova modalidade para quem deseja praticar desporto e tem problemas de coluna – o Fitball. Trata-se de uma bola terapêutica, inicialmente utilizada na fisioterapia, que a Reebok adaptou para os treinos de Fitness. Apesar de ser praticada em Portugal desde há seis anos, só agora é que está a ter maior aceitação.
Um dos poucos locais onde se pode praticar uma aula de localizada com o suporte destas bolas e que tem o nome de “Get on the ball” é no ACM de Lisboa, na Rua Alvares Cabral, perto do Largo do Rato. A Associação Cristã da Mocidade de Lisboa, fundada em 1898, é uma das instituições de utilidade publica mais antigas de Portugal. Foi através desta instituição que várias modalidades e actividades, como o Basquetball, o voleibol, o ping-pong e campos de férias foram introduzidos em Portugal.
Sob a instrução de Ana Paula Picado, o “Get in the Ball” é uma aula dinâmica, colorida, sempre acompanhada de música ritmada e boa disposição. Quem olha de fora não consegue ficar indiferente e o corpo parece querer acompanhar os movimentos de quem está do outro lado.
À primeira vista parece simples mas quem experimenta pela primeira vez apercebe-se de que manter o equilíbrio não é tarefa fácil. “A aula tem de ser muito bem preparada e cada movimento tem de ser muito bem estudado”, explica Ana Paula. “As pessoas têm de ter primeiro muito bem noção do seu corpo, têm que ter força e postura” afirma a instrutora. O equilíbrio é a principal dificuldade com que os alunos se deparam. “Era algo em que não pensava ter dificuldade porque já tinha praticado outros desportos”, revela Judite Marote, de 39 anos e praticante desta aula há cerca de três meses. Também para Lina Santos, de 24 anos, manter o equilibrio foi no início um desafio.
Estas bolas, feitas de uma borracha ultra resistente e inflável, são um óptimo equipamento para trabalhar a força (para braços, pernas e tronco, servindo de apoio para flexão de braços, rolamentos, abdominais), para flexibilidade e relaxamento, equilíbrio e coordenação (beneficia a coordenação motora durante os exercícios e a correção postural e exige também equilíbrio em movimentos de sustentação e apoio). O Fitball foi desenvolvido nos anos 70 na Suiça, com o objectivo de ser um método para reabilitação de problemas posturais, sobretudo ao nível da coluna e problemas neurológicos.
Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode praticar esta modalidade, sobretudo quem tem problemas de coluna porque têm o apoio constante da bola. A bola evita que se faça esforço com a coluna e não provoca dores. A força é toda feita a nível abdominal, dos glúteos, dos gémeos e dos músculos dos braços.
Existem bolas de três tamanhos (diâmetros) consoante a altura e o comprimento das pernas da pessoa. Quando a pessoa se senta na bola, os joelhos têm de ficar paralelos à bacia. Estas bolas podem suportar um peso até 300 ou 460 kg.
Essencialmente praticada por mulheres, esta modalidade conta também com a presença de alguns adeptos masculinos. Os homens têm tendência para atribuir este tipo de aulas como algo que é para mulheres, no entanto, quando experimentam, gostam e ficam. “É óptimo porque mexe com o corpo todo”, confessa Pedro Baptista Bastos, de 35 anos. Há cerca de dois meses pratica esta aula como complemento do boxe e veio por influência da instrutora. Mesmo para quem é mais preguiçoso, esta é a modalidade adequada, tal como revela o actor Osvaldo Canhita, praticante há três meses. “Sou muito preguiçoso e encontrei nesta modalidade uma ginástica não muito agressiva”, confessa. Há cerca de três ou quatro anos foi-lhe oferecida uma destas bolas e começou a treinar em casa, no entanto, através da instrutora Ana Paula resolveu ir fazer as aulas.
Os maiores benefícios que os alunos retiram do fitball é a correcção da postura, obtenção de maior flexibildade, força e tonificação dos músculos.
Actualmente podemos ver a actriz Leonor Alcácer a fazer habilidades com o fitball no início da peça “Dentro de mim acontece”, que está em tournée pelo país.
Segundo Ana Paula, esta aula começou com um grupo de amigos, os quais foram trazendo mais pessoas. Mas muitos dos actuais praticantes, vieram por curiosidade e por vontade de fazer exercício.“É uma aula que tem de se experimentar”, esta é uma das melhores formas de divulgação, afirma.
Biodanza: uma nova forma de encarar a vida
Numa sociedade em que somos alvo de constantes críticas e em que o ser humano vive inibido, tendo, muitas vezes, dificuldade em se exprimir livremente, existe uam nova forma de encarar a vida: a Biodanza.
Inicialmente desenvolvida pelo psiquiatra chileno Rolando Toro como forma de tratamento para os seus pacientes, a Biodanza é a “dança da vida”. “É resgatar as coisas boas que a vida nos oferece”, explica João Fernandes, praticante há cerca de quatro anos. A Biodanza rege-se pelo princípio Biocêntrico que defende tudo o que possa nutrir e cuidar da vida. “Tudo o que é benéfico agregamos, tudo o que é tóxico rejeitamos”, salienta Nuno Pinto, facilitador de Biodanza.
Trata-se de um sistema progressivo de desenvolvimento pessoal, baseado em vivências induzidas pelo movimento, que promovem a integração do ser humano nos seus cinco aspectos basilares: vitalidade, afectividade, criatividade, sexualidade e transcendência. Na Biodanza trabalham-se as emoções através do corpo e da música. A vivência “é um instante intensamente vivido aqui e agora”, explica Nuno Pinto, facilitador de Biodanza.
As aulas de Biodanza são compostas por exercícios de encontro, onde no início as pessoas formam uma roda e depois progressivamente, ao som de várias músicas, o professor vai propondo exercícios em roda, caminhares, danças, exercícios que envolvem o olhar, o tocar e o sentir os outros e a nós próprios. Ajuda a pessoa a ter uma melhor percepção de si, das suas capacidades e limitações, dos outros. Os exercícios propostos podem ser individuais, em grupos de dois, quatro ou mais pessoas. Nada é imposto, apenas são criadas condições para que a pessoas, ao seu ritmo próprio, possam exprimir-se e auto-regularem-se. “Sinto que cada vez sou mais eu mesmo, com menos limitações”, afirma Nuno Silva, de 29 anos e praticante há quatro meses. Para Elisabete Nunes, de 30 anos e praticante desde Fevereiro, através da Biodanza “aprende-se a ser mais tolerante, a amar o outro”.
Durante os cerca de quatro anos de actividade como facilitador em grupos regulares, em trabalho de acção social, empresas, workshops de fim-de-semana e férias com Biodanza, Nuno Pinto afirma que perto de duas mil pessoas já experimentaram Biodanza.
Inspirada nas origens mais primitivas da dança, que é, no sentido original, movimento vivencial, “a biodanza não se explica, sente-se”, afirma João Fernandes. O primeiro conhecimento do mundo anterior à palavra é o conhecimento pelo movimento. A dança é movimento de vida, é ritmo biológico, ritmo do coração, da respiração, impulso de vinculação com a espécie e movimento de intimidade. A música é o instrumento de mediação entre a emoção e o movimento corporal. A música é linguagem universal, acessível tanto a crianças como adultos.
A Biodanza traz inúmeros benefícios para os seus praticantes: melhora a saúde, estimula a alegria, potencia a vitalidade, a criatividade, a afectividade, a sexualidade e a transcendência. “Sempre vi a amizade como algo muito restrito e elitista, ou seja, sempre dirigi os meus afectos a um número muito reduzido de pessoas. A Biodanza ajudou-me a viver mais a diversidade e de forma mais desapegada”, afirma José Neves, de 35 anos e praticante há 10 meses. Também para João Fernandes, a prática da Biodanza tem sido uma mais valia, na medida em que deixou de ser tão “quadrado” e passou a encarar as coisas boas da vida de uma forma tranquila e a expressar os sentimentos de forma genuína.
“Todos os exercícios, a forma como são sequênciados e as músicas que selecionamos têm 40 anos de experiência”, garante. “O trabalho aqui é progressivo, não se pode pretender integrar os potenciais genéticos de um ser humano, ajudando a expressar-se de forma plena, numa semana ou num mês. Uma das bases do rpincípio biocêntrico é o facto de trabalharmos em cima do orgânico, da vida e como tal temos que dar tempo para que a vida se expresse e cada um conseguirá ao ser ritmo”, esclarece.Pode ser praticada por qualquer pessoa. crianças, adultos, idosos, pessoas com problemas físicos, invisuais. Tanto no Brasil como em Itália, a Biodanza está institucionalizada e em Espanha é praticada nas Universidades. Em Portugal existe a escola de Biodanza em Lisboa e será criada uma no Porto.
A felicidade é contagiosa e por isso, o objectivo final da Biodanza é produzir estilos de vida estáveis e aumentar a qualidade de vida dos praticantes. Porém, segundo Rolando Toro, são precisos seis milhões de praticantes para que a Biodanza tenha um efeito transformador no Mundo.
Hipoterapia: o contacto com um elemento vivo
São várias as terapias que podem ajudar a melhorar a vida das crianças portadoras de deficiência. Uma delas é a Hipoterapia cuja maior vantagem é proporcionar a estas crianças o contacto com um elemento vivo, o cavalo. Estima-se que em Portugal existem pelo menos 200 mil crianças com perturbações de desenvolvimento, no entanto grande parte não é a companhada em centros específicos nem tem acesso às terapias que lhes podem proporcionar uma melhor qualidade de vida.
Com a alegria espelhada no rosto e nas suas atitudes, Madalena, portadora de paralisia cerebral, desloca-se todas as semanas ao Centro Hípico da Costa do Estoril para durante uma hora interagir, de acordo com as suas capacidades e limitações, com estes animais. Madalena faz parte de um grupo de crianças, da Cooperativa de S. Pedro de Barcarena, que sofrem de Autismo, Paralisia Cerebral e Síndrome de Down.
Não existe em Portugal um consenso quanto à definição de hipoterapia. Neste centro, Teresa Silvestre - quem durante as aulas controla os cavalos e ajuda os cavaleiros a controlar os mesmos - trabalha com três conceitos: hipoterapia, equitação terapêutica e equitação adaptada. Na hipoterapia só o cavlo dá estímulos ao cavaleiro, não havendo interação entre ambos, enquanto que na equitação terapêutica já há um backup do cavaleiro para o cavalo. A este nível o aluno já consegue fazer coisas em cima do cavalo, explica Teresa Silvestre. A equitação adaptada é um nível mais avançado em que estas crianças conseguem montar quase como um aluno normal, embora com algumas limitações.
A frequência destas sessões permite às crianças adquirir uma maior auto-confiança, calma, relaxamento e concentração. Todos estes benefício transpõem-se para o dia-a-dia das crianças, quer em casa, quer nas várias actividades que fazem nas associações onde estão inseridas.
Para um autista o contacto com os outros e com o mundo exterior causa-lhe sofrimento. Um simples abraço é para ele doloroso. Por isso, isola-se no seu próprio mundo. Através da hipoterapia é possível trabalhar o relacionamento. “O cavalo não pede, só dá”, afirma Ana Piano, terapêuta ocupacional. O cavalo trasmite o calor do corpo, conforto, prazer e tranquilidade. “Os autistas não deixam comunicar com o exterior, tentam não fazer aquilo que dizemos ou não ligam. Aqui são obrigados a ouvir e reagir”, explica Teresa Silvestre.
Ao contrário do autismo, as crianças com trissomia 21 têm uma afectividade muito vincada, explica Ana Piano. Os exercícios que fazem nestas sessões são em termos de adequação do comportamento e de relação com o cavalo.
No caso da paralisia cerebral, os exercícios estão mais relacionados com a componente sensorio-motor, uma vez que a maior dificuldade destas crianças é a nível físico. Um dos grandes benefícios é fazer com que estas crianças tenham a sensação do andar, uma vez que os movimentos do cavalo simulam os passos do homem.
A hipoterapia proporciona por uma lado um maior relaxamento muscular a quem tem hipertonicidade, por exemplo em casos de paralisia cerebral e, por outro lado a obtenção de uma maior rigidez muscular a quem tem hipotonicidade, como nos casos de Trissomia 21.
Mas existe uma realidade que permanece esquecida: os casos de deficiência mais profunda. “Ninguém fala nem mostra porque são situações mutio impressionantes. As pessoas ficam agoniadas ou datam a chorar”, revela Teresa Silvestre. São crianças que não conseguem engolir e que têm dificuldades em respirar. Aqui os benefício são poucos: apenas conseguem relaxar um bocadinho através do contacto com o animal e dos cheiros.
Teresa Silvestre, salienta que este tipo de terapia resulta em conjunto com as outras terapias, nomeadamente natação, terapia da fala, fisioterapia, terapia ocupacional. A diferença é que na hipoterapia, existe o contacto com um elemento vivo e não um object
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De salientar que no final tive a oportunidade de andar a cavalo :)